Para a artista peruana Rosana Reátegui, residente na cidade do Rio de Janeiro, fazer teatro latino-americano aproxima fronteiras e afetos, sendo necessário criar uma ponte teatral com o repertório da América Latina.
Rosana Reátegui chegou na cidade do Rio de Janeiro por conta de um intercâmbio, o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). Ela estudava teatro na época e tinha abandonado a faculdade de direito, apesar da oposição da família. Como não havia um curso universitário de teatro de longa duração no Peru, ela ficou sabendo deste programa na UNIRIO e resolveu se inscrever. A faculdade foi sua alma mater, onde formou a companhia Tapetes Contadores, dedicada a contação de histórias
Tapetes Contadores foi sua primeira companhia, que completa 25 anos em 2023, trazendo a oralidade andina e sendo formada por dois artistas peruanos e dois artistas brasileiros. Foi o trabalho que fez a trajetória dela como narradora, em que os bonecos, a narração e o texto fazem parte de seu caminho.
A artista também é uma das integrantes da Qinti Companhia, grupo teatral que mistura narração, atuação e música em torno da cultura latino-americana, com espetáculos para todas as idades que já renderam dois prêmios de teatro para o grupo, que também é formado pela artista uruguaia Natalia Sarante. O sonho de Rosana era viabilizar uma iniciativa que juntasse teatralidade e música, que sempre a acompanharam. Para ela é uma necessidade compartilhar sobre sua identidade e cultura:
"Começa pelo afeto, pela identidade, pela questão de manter essa identidade. É difícil ser imigrante e manter a identidade porque, para quem é migrante, é necessário compartilhar dessa identidade com os outros, para que os outros se sensibilizem e conheçam e não fique numa coisa superficial. É sobre afeto também, porque eu acho que sinto muita falta do meu país. Uma vez que eu decidi morar no Brasil, falei para mim mesma 'tá, que seja como artista migrante'. Então, minhas criações tem a ver com isso e assim eu me sinto com um propósito. Esse país nos acolheu, um país riquíssimo, queremos morar aqui, mas temos necessidade de falar da nossa América Latina, das nossas memórias, o que a gente sabe fazer”.
Rosana é também musicista do Bésame Mucho, bloco latino-americano do carnaval de rua do Rio de Janeiro.