A artista uruguaia Pía Boix reside na cidade do Rio de Janeiro desde 2018. Ela trabalha com audiovisual, especificamente na coordenação e direção de arte, e também é cantora em projetos de música latino-americana.
Veio ao Brasil para passar férias com uns amigos cariocas, que conheceu na gravação de um filme. Tinha data pra voltar ao Uruguai, mas surgiu a oportunidade de um novo trabalho no Rio. Na música, ela começou a cantar com o artista Machi Torrez, que tocava em um projeto de candombe, tradicional ritmo afro-uruguaio. Então, Pía foi se integrando à cena musical do Rio, fazendo apresentações e estabelecendo amizades com músicos. Ela se sentiu acolhida pela cidade e decidiu prolongar sua estadia para além do período inicialmente planejado. Após esses anos por aqui, ela considera a cidade seu lar.
Divide o tempo entre a música e o cinema, sendo o segundo sua principal fonte de renda no Brasil. Pía trabalha principalmente em projetos nacionais, incluindo produções para streaming. É fã do cinema brasileiro e tem trabalhado em séries, longas-metragens e publicidade. Também retorna ao Uruguai para alguns trabalhos específicos, desejando equilibrar melhor sua trajetória na música e no cinema.
Ela se dedica a cantar músicas regionais da América Latina, incluindo candombe, salsa e rumba. No Uruguai, tinha um trio de candombe com músicos talentosos, relembra. Conta que a motivação para cantar vem de uma família que não teve contato com a arte, mas que desde criança gostava de cantar e participava de coros.
Sobre os desafios que encontra nesta área de atuação, comenta que “definir o conceito de música latino-americana é um desafio, pois a música brasileira também faz parte dessa categoria. Achar músicos que estejam disponíveis e interessados em participar dos grupos pode também ser uma questão”.
Ela sempre cantou em bares e eventos, mas agora quer explorar mais oportunidades em seu trabalho autoral, como editais, para sustentar melhor seus projetos.
Sobre o candombe, Pía diz que começou mais forte na região portuária de Montevidéu, mas que hoje é presente em todas as partes da cidade. Fala de músicos conhecidos que tocam candombe, dentre eles o compositor e percussionista uruguaio Ruben Rada, nome fundamental da música afro-uruguaia.
Conta que, por mais que haja uma percepção inicial de que o público brasileiro é fechado para ritmos estrangeiros, ela nota que há uma abertura crescente para esses estilos musicais. “Mostrar o trabalho e sair do coletivo de migrantes são estratégias importantes para conquistar espaço no mercado musical brasileiro”, ela conclui. Atualmente, ela compõe o grupo recém-inaugurado, La Santa Clave.