“Precisa ter muita coragem para sair do seu país de origem e vir para um novo lugar. É muita coisa fazer este movimento. O migrante precisa o tempo todo se acostumar com a cultura que está começando a conhecer. Eu gosto muito de trabalhar e morar aqui, eu desfruto bastante”.
O empreendedor Matias Hector Enrique Mansilla é da província de Buenos Aires e reside na cidade do Rio de Janeiro, onde tem um projeto de comida argentina que se chama Larica Doce.
Sobre sua chegada por aqui, ele comenta que conhecia um amigo que morava no Rio. Na Argentina, Matias trabalhava em uma barbearia dentro de sua casa, e, na época, conversava com este amigo no Brasil e cogitaram a hipótese de montar esse tipo de negócio juntos. Quando chegou ao Rio, os planos mudaram devido a algumas questões de residência. Em seu país de origem, já tinha começado a ser empreendedor, então pensou “o que posso fazer para não gastar a economia que tenho e de alguma forma gerar dinheiro?”. Foi quando começou a fazer empanadas, pois é algo que sabe que é uma das comidas argentinas mais conhecidas, e claro, o tradicional alfajor.
Sobre a decisão de permanecer no Brasil, Matias comenta: ”fiquei porque tinha que ficar, não fazia mais sentido voltar. Uma das coisas que gosto daqui e eu digo isso aos brasileiros e estrangeiros, é que a economia brasileira é mais estável que na Argentina. Tudo isso faz você viver mais relaxado, mais tranquilo. Claro que tem coisas mais caras como o aluguel, mas a comida do dia a dia, o básico, eu acho mais possível financeiramente. Na Argentina, você precisa ganhar mais hoje porque você sabe que as coisas vão ficar mais caras amanhã. Morar aqui no Rio de Janeiro parece que você está sempre de férias, e também eu me sinto sempre disposto”.
Matias começou fazendo empanadas e foi vender na praia. Pensou o que poderia fazer mais e pesquisou por grupos de Facebook das regiões onde reside, perto da Babilônia, do Leme, de Copacabana, foi então que criou um cardápio semanal e foram se interessando. “Eu faço tudo caseiro: as empanadas eu preparo a massa, o recheio; na parte dos doces faço alfajor e também uma torta chamada pasta flora que é de origem italiana, mas por conta da migração chegou na Argentina e mudou o recheio, sendo que a massa é saborizada com laranja e o recheio é de goiabada”.
Atualmente, ele trabalha na praia do Leme. “Fui na coragem que parei numa esquina e montei minha barraca”. Além do próprio negócio, Matias já trabalhou com o Migraflix, serviço de catering baseado em comidas, na feira gastronômica Refugia, uma iniciativa que valoriza a coragem e força de pessoas em situação de refúgio e migração.
