O músico, produtor e professor argentino Javier Nasceu reside no Brasil desde o ano de 2000. Trabalha principalmente com música, mas também dá aulas de capoeira para crianças. Tem atuação na banda de sopros e percussão Fanfarrada e está percorrendo um caminho autoral, com alguns trabalhos lançados no Spotify e YouTube. Possui um projeto com música cigana e também desenvolve parcerias musicais com sua companheira, a musicista Sandra Nisseli, e outro artista chamado Pedro Lacerda. Em sua produção, carrega muito do folclore argentino.
Javier chegou ao Brasil por conta de férias com um amigo. Inicialmente foi morar na cidade de São Paulo, onde trabalhou com produção musical e com o mestre sanfoneiro Dominguinhos, entre muitos outros artistas. Ele veio para o Rio no final de 2004. Comenta que São Paulo é uma cidade muito boa para conseguir trabalho, mas no Rio a qualidade de vida é outra. Javier fez parte do grupo Songoro Cosongo, com artistas da Colômbia, da Venezuela, do Chile e do Brasil, e também criaram um bloco de carnaval com o mesmo nome no bairro de Santa Teresa.
Estudou produção musical na Argentina e trabalhou em estúdios em Buenos Aires e também em um conservatório de música. Aos 10 anos, começou a tocar violão e lembra que começou a tocar músicas brasileiras no instrumento.
“Eu gosto mesmo quando a gente consegue se comunicar com as pessoas, tanto na música quanto na capoeira. A vida em sociedade é uma troca constante. Então, eu gosto quando conseguimos alcançar essa harmonia com as pessoas que estão no coletivo que trabalhamos. Gosto de fazer música estando feliz, porque dá muito trabalho, são muitos ensaios, treinos para chegar lá e estar tudo certo na produção, luz, palco, hoje em dia precisamos nos autoproduzir. São muitos detalhes que precisamos amarrar para fazer um show”, comenta Javier sobre o que mais gosta em sua atuação na música. Ele também está à frente do grupo de produções artísticas Sons do Mundo.
Sua principal fonte de renda na cidade é a música e a capoeira Ele diz que “é aquele negócio, na capoeira tem música, então a música está presente em tudo”.
Sobre os desafios de ser um artista independente, Javier comenta que ter boas condições para trabalhar, de forma digna, para fazer seu trabalho, é um desafio. Porque quando se consegue fazer um show, a remuneração é também um desafio. A bilheteria não cobre os custos de um show aqui no Rio de Janeiro, por isso os músicos tocam em bares, clubes e casamentos. Até os editais que são para apoiar não fecham a conta. Em comparação, em São Paulo, é diferente, pois é outro ritmo, é outro mercado, afirma o músico.
“Se a gente não aprende a dominar as novas tecnologias para divulgar nosso trabalho, vamos ficar só no ônibus, e podemos estar no ônibus e nas redes sociais. Não vai ter uma instituição que vai fazer isso pela gente. De repente um artista consegue que um canal televisivo possa divulgar seu trabalho, mas não é todo mundo que tem acesso a tocar num canal de TV. A gente precisa achar uma brecha, uma fresta, para ocupar mais lugares”.